15 de mar. de 2019

Um; Erro da sociedade


 Fonte da imagem : https://unsplash.com/photos/dx_6KOtI54A
Uma voz ecoa pela escuridão, perdida e abandonada, procura por consolo, grita com toda sua força mas a única coisa que sai de seus lábios são os mesmos dizeres que foi criada ''Esta tudo bem''.  Em silêncio inunda sua alma com as salgadas lágrimas que escorrem por dentro, enquanto sua face se mantém intacta, inabalável, perfeita.
Ela não erra, não tem permissão para que isso ocorra e foi treinada muito bem para escapar do mínimo deslize com toda classe e elegância que deveria ter. Fala sempre com clareza e segurança, porque suas palavras devem ser certas e pontuais ao contrario de suas ideias que sempre inconstantes se embaralham em sua mente causando desconforto e uma vontade incontrolável de largar sua multidão pelos seus amigos fieis e verdadeiros, os livros. 
Ela é paciente, e se assim não for por livre pressão será forçada a tomar calmantes para controlar sua língua voraz que enfrenta todos os comentários abusivos e opressores que são dirigidos a ela ou a semelhantes. Ela não pode ter suas próprias ideias, elas devem ter vindo de outros pensadores e faladas da mesma forma, porque caso alguma ideia diferente do convencional ou questionamento que não se adequá ao pensamento da maioria, saia de seus lábios será fuzilada e levada a julgamento, como a diferente, como se isso fosse algum crime.
Ela não tem falhas, na verdade tem e muitas, mas todas escondidas da luz que emana, uma luz antes tão acolhedora e agora tão reveladora a espera de uma única falha para que tudo o que foi construído caia por terra.  Todos os esforços e abdicações, mas isso de fato é algo tão ruim? Estar nessa situação não é pior do que ter sua imagem perfeita destruída pela sociedade? 
Ser quem não é se torna desgastante ao passar dos anos, adquirir pensamentos e formas de agir que não se adequam a sua real personalidade bagunça sua mente e deturpa seus reais pensamentos, passamos a ser prisioneiros de nós mesmos sempre a espera de que algum dia o sofrimento acabe e finalmente a liberdade possa fazer parte daquilo que chamamos de vida.  
Mas a garota perfeita, sempre com uma máscara sobre a face, passa cada dia como outra pessoa, sorri sem sentir felicidade, sobrevive enquanto deveria ser viva.
Dany Danelhuk

3 de mar. de 2019

O som do inverno



Lentos passos em meio aos troncos secos das árvores. As folhas já-se foram e o inverno já chegou. Não tenho medo de me perde nesta floresta, pois, já me perdi nas lembranças.

Avisto algo.

Há muito prego nas tabuas na ponte para meus pés descalços, atravesso às águas raras e geladas do rio para me aproximar.

Queria que você também posse ver, é tão lindo. Se te contasse não acreditaria.

Simplesmente sumiu, como uma nuvem de fumaça no meio da nebrina. Será que era uma miragem da minha imaginação?

Em meio ao silêncio consigo ouvir o som das cordas do seu violão, tocando aquela lenta canção que você sempre tocava em frente a lareira.

Agarro-me no som. Queria que isso bastasse para me aquecer, mas o fogo não pega. Somente feche os olhos.

Me sinto como uma árvore solitária no inverno. Me deito em meio as pedras mas, ainda estou em guerra com meus sentimentos em meio a ingenuidade. Está tão frio aqui. Onde você está?

Você disse que nunca me deixaria ir embora mas, você se foi.

Você ainda tem um efeito em mim que não consigo explicar. Me lembro do seu abraço, o único que conseguia me aquecer em noites frias.

Há uma parte em mim que tem esperança de quando eu voltar você está ligando a lareira em minha espera, mas não é real,  prologo essa caminhada o máximo que consigo.

Lá não parece mas um lar, apenas lembranças de algo que já se foi. Ao lado da cama tem um velho criado-mudo com um pequeno livro de olhas amarelas, dentro tem uma última lembrança de que eramos reais.

Posso tocar mas, não consigo sentir. Não é mais como me lembro. 

Estou a sua espera, apenas não demore.


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